segunda-feira, 5 de maio de 2014

Irmanadas em Dulce, o Anjo Bom da Bahia

    Regina Braga vive a Irmã Dulce mais idosa, no filme de Vicente Amorim / Valéria Simões | Divulgação
Nas esquinas das ruas ensolaradas da cidade ou no set de filmagem, a todo instante chegam novas histórias sobre Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia (1914-1992), cujo centenário é comemorado este mês. E assim vai sendo con
struído o filme que levará seu nome, do diretor Vicente Amorim, com estreia prevista para o fim deste ano.

O longa tem orçamento em torno de R$ 9 milhões, e reúne cerca de 1.700 figurantes. Irmã Dulce será todo filmado em Salvador, e até então já passou por locações como Ordem Terceira de São Francisco, Alagados, Forte do Barbalho e Convento da Divina Providência.

No set montado no Palácio Rio Branco, locação que abrigou as gravações no dia de ontem, o clima é de absoluto encantamento pela obra de Irmã Dulce. "Acho a história dela linda e inspiradora, por isso merece ser contada. Ela acreditava muito na humanidade", diz Iafa Britz, produtora do longa-metragem.

Veterana nos palcos e praticamente estreante no cinema, a paulista Regina Braga conta que interpretar Irmã Dulce mudou sua vida. "Tocou muito fundo em mim. Fiquei agradecida por ter sido convidada, estou dando tudo de mim. Acredito na bondade que o ser humano é capaz de ter, foi isso que ela mostrou. Minha religião é ela", afirma.

Responsável por interpretar a freira na juventude, a atriz carioca Bianca Comparato faz coro à colega de papel: sua devoção já começa na medalhinha de Irmã Dulce, usada como pingente de um colar fininho de ouro.

"Na primeira leitura do roteiro, chorei. Me senti bastante envolvida. Sou devota dela", conta a jovem atriz, premiada por sua atuação na série Sessão de Terapia pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) no ano passado.

Imersão

Regina e Bianca chegaram a Salvador no dia 16 de março, um mês antes do início das filmagens. A ideia era que se ambientassem com a cidade e entrassem no clima da história de Irmã Dulce.

Nesse tempo, as atrizes fizeram pesquisas e até passaram dias no Convento do Desterro, para se habituar à rotina das freiras. "Estar aqui antes foi uma coisa que ajudou muito, foi um momento de imersão total. Dormimos no Convento, almoçamos e rezamos com as freiras", Bianca afirma.

Para Regina, a preparação para o papel incluiu ainda emagrecer cinco quilos e prestar bastante atenção aos gestos de Irmã Dulce, como um jeito de curvar a cabeça que lhe era típico.

"Não estamos fazendo um retrato dela, mas uma pintura. Fiquei querendo ser ela nos primeiros dias de gravação, mas o máximo que vou fazer é uma homenagem, usar meus recursos de atriz para contar a história dela", Regina diz.

Sobre o fato de as duas atrizes interpretarem Irmã Dulce em momentos distintos da vida, Regina conta que tem visto as cenas de Bianca e tem ficado surpresa com a semelhança entre as duas. "Estamos nos irmanando na busca de Irmã Dulce".

Para Bianca, o essencial é que uma dê continuidade ao trabalho da outra. "Nosso desejo é que uma entre na personagem da outra, a gente sempre quis muito essa unidade. Uma contribui muito na cena da outra".

Religiosidade

Diretor do longa, Vicente Amorim avisa que Irmã Dulce não será um filme sobre religião, mas sobre fé e amor ao próximo. "É a ordem, o caos e o que surge desse encontro. Fala da força criativa de Irmã Dulce, da coragem, ela era a verdadeira noviça rebelde".

Emocionada ao falar do tema, Bianca concorda: "Ela era uma santa de pé no chão, uma santa descalça. Espero que o filme ajude ela a ser mais lembrada".

Para Regina Braga, o Brasil precisa conhecer o exemplo daquela que foi conhecida como o anjo bom da Bahia. "Esse filme é muito importante para o país. Tem muita gente boa que não se sente fortalecida em exercer a bondade, e esse exemplo dela é muito transformador".

Por Mariana Paiva - Jornal A Tarde On line

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