sábado, 13 de outubro de 2012

Entrevista: Dom Murilo Krieger fala sobre o Ano da Fé

 "Somos chamados a fazer brilhar, com nossa própria vida, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou", afirma Dom Murilo.
Refletir os fundamentos da fé cristã. Foi com este objetivo que o Papa Bento XVI instituiu o Ano da Fé, que teve início no dia 11 de outubro deste ano e segue até 24 de novembro de 2013, na Solenidade de Cristo Rei. De acordo com o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, scj, que concedeu entrevista à equipe da Pastoral de Comunicação sobre o tema, o Ano da Fé “é um convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. Precisamos ter uma renovada disposição e um novo dinamismo, transformando nossas ações pastorais em fontes de vida, de alegria e de entusiasmo, a fim de ajudar nosso povo a conhecer melhor sua fé e a vivê-la com convicção”, diz. Confira aqui um trecho da entrevista.
Pascom - Ao instituir o Ano da Fé, quais são os frutos que a Igreja deseja colher?
Dom Murilo: Na Carta Apostólica “Porta Fidei” (Porta da Fé), escrita pelo Papa Bento XVI e que instituiu o Ano da Fé, está clara a razão desta sua iniciativa: é preciso “redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”. Afinal, somos chamados a fazer brilhar, com nossa própria vida, “a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou”.

No logotipo, a Igreja é representada por um barco, o mastro é uma cruz que iça as velas que formam o trigrama do nome de Cristo (IHS), e ao fundo, o sol associado ao trigrama remete à Eucaristia.
Pascom - No documento que institui o Ano da Fé,  Porta Fidei, o Papa Bento XVI chama atenção dos católicos para a vivência da Fé numa perspectiva que integra o testemunho de vida no cotidiano. Como é possível, nos dias de hoje, dar testemunho concreto da própria fé?
Dom Murilo: É muito grave a separação da fé e da vida – isto é, quando se proclama acreditar numa verdade e não se vive de acordo com ela. Uma fé que não se expresse nas ações diárias é um sal que perdeu sua força, um fermento que não transforma nada. Precisamos levar nossos fiéis e comunidades a se convencerem de que Jesus Cristo veio até nós para mudar profundamente nosso modo de pensar e agir. É isso que ele quis nos dizer quando insistiu, desde o começo de sua pregação: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Pascom – Um dos marcos para o Ano da Fé é o cinquentenário do Concílio Vaticano II, para o senhor qual é o ponto chave para a compreensão desse grande acontecimento?
Dom Murilo: Em primeiro lugar, um testemunho: estava terminando o segundo grau no Seminário de Corupá – SC, quando o Concílio foi aberto. Do alto de meus 19 anos sentia uma sensação estranha: sabia estar vivendo um momento histórico, mas não sabia quais as consequências daquele acontecimento para a Igreja e, particularmente, em minha vida. Em 1966, quando comecei a estudar Teologia, alguns documentos do Concílio ainda estavam sendo impressos. Portanto, meus estudos teológicos foram feitos à luz do Vaticano II. Vejo esse Concílio naquela perspectiva tão bem apresentada pelo Papa Bento XVI – isto é, não numa linha de ruptura com o passado, mas de uma renovação na continuidade. Penso que o ponto chave para compreender o Concílio Vaticano II está nas primeiras palavras daquele que é o mais importante documento que ele produziu – a “Lumen gentium”:  “A luz dos povos é Cristo. Por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura.”  Como se vê, trata-se de um belíssimo programa para a Igreja e para cada um de nós.

Fonte: www.arquidiocesedesaosalvador.com.br

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