domingo, 17 de agosto de 2014

‘Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos’ - Grito dos Excluídos 2014

Esse é o lema do 20º Grito dos/as Excluídos/as para este ano de 2014, tendo como espinha dorsal, como já vem acontecendo desde o seu início, o tema ‘Vida em Primeiro Lugar’. 

Organização ligada ao Setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o Grito é uma mobilização dos fiéis da Igreja Católica iniciado no Brasil em 1995, motivado pelo tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano: ‘A Fraternidade e os Excluídos’ e que acontece em torno do 7 de setembro, data cívica em que se comemora a liberdade da Pátria do jugo português. 

A Assembleia Geral dos Bispos, em 1996, discutiu e aprovou o Grito dos Excluídos dentro do Projeto Rumo ao Novo Milênio. Em 1999,o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas. 

O que é o Grito? É uma forma de manifestação pública com o objetivo de anunciar, em diferentes lugares e ao mesmo tempo, sinais de esperança da construção de um mundo melhor a toda população; denunciar toda e qualquer injustiça cometida pelo sistema capitalista, irradiando a mensagem que as mudanças acontecerão com o povo em luta, ocupando praças e ruas por direitos e liberdade. É, acima de tudo, uma forma de dar voz àqueles que não têm voz. 

Ainda, outros objetivos específicos tem o Grito: organizar o máximo de ações que fortaleçam a organização, a mobilização e as lutas populares; defender a vida humana, em todas as suas dimensões, construindo alternativas que fortaleçam, organizem e mobilizem os/as excluídos/as a lutar por uma nova sociedade; erguer as bandeiras e lutar pelo acesso e qualidade de todos os serviços públicos básicos para a população, como: educação, saúde, alimentação saudável, água potável, energia, saneamento, moradia; empunhar a bandeira contra a privatização dos bens naturais e dos serviços públicos; construir espaços e ações com a participação efetiva dos excluídos/as, unindo campo e cidade na denúncia das injustiças cometidas pelo atual modelo e anúncio da construção de um mundo melhor que tenha a vida em primeiro lugar; denunciar a criminalização dos movimentos e das lutas populares que a grande mídia e os capitalistas vêm desenvolvendo através dos meios jurídicos, legislativos e de repressão truculenta. 

Esse movimento nos ajuda a construir a consciência de que as mudanças sociais não caem do céu ou dos tronos estabelecidos. Assim como as espigas, as flores, as plantas e os edifícios, elas se levantam do chão. É preciso que mergulhem suas raízes na terra úmida e escura dos embates, tensões e conflitos de interesses humanos. 

Não podemos deixar acontecer que a infiltração de interesses escusos e anárquicos nos movimentos populares que têm acontecido nos últimos tempos, desvirtuem o bom sentido e a cidadania das verdadeiras manifestações, propulsoras das necessárias transformações sociais. 

Três são os ingredientes principais a acionar essa mobilização: o primeiro, o já amplamente notório e conhecido mal estar crescente da população com o aprofundamento da crise do sistema capitalista, de filosofia neoliberal, particularmente a partir do início da década de 70. 

O segundo, dispensaria maiores comentários, se não fizesse parte do ‘Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos’. Com um vasto mosaico de manifestações populares ocorridas em 2013 e que retornam com insistência em 2014, apresenta-se com energia juvenil e veemência profética a exigência do ‘padrão Fifa’, não só para os estádios e infraestrutura da Copa, mas sobretudo para os direitos básicos da população de baixa renda. 

Finalmente, o terceiro ingrediente das mudanças sociais reconhece o oxigênio primaveril dos jovens como fator preponderante, sangue novo num organismo social e político carente de uma verdadeira transfusão de valores novos. 

Parafraseando o clima de expectativa em vista da Copa do Mundo, não basta assistir das arquibancadas o desenrolar do jogo: é preciso entrar em campo - ‘ocupar as ruas e praças’ - e participar de forma patrioticamente ativa nas decisões sobre um futuro justo, solidário, sustentável e fraterno para o nosso povo.

Antonio Oswaldo Storel é presidente da Pasca e coordenador do CNLB Diocese de Piracicaba

Texto: Antonio Oswaldo Storel
Fonte: Jornal da Piracicaba

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