No domingo(04), o padre Evandro celebrou a Santa Missa e
pregou sua homilia sobre o Evangelho do dia e o dia do Padre. Confira homilia
na integra:
“Ajuntar tesouros para vós
mesmos, ou ser rico diante de Deus?”
Eis a pergunta que o Evangelho de
hoje nos coloca, que as leituras nos colocam. Na verdade, o coração humano é um
coração que sempre deseja algo mais, sempre deseja algo mais. Parece que o
nosso coração nunca se satisfaz. Veja bem se não é assim mesmo em casa: a gente
compra uma televisão depois aquela televisão não tá mais boa porque era só de
14 polegadas, eu quero de 32. Mas depois a de 32 já tá grande demais, agora
preciso de uma televisão de LED, mas a de LED agora não tem mais entrada para
pen drive, preciso de uma outra, a antena não tá tão boa também. Isso é um
pequeno exemplo pra dizer que parece que na vida da gente, nós sempre queremos
algo a mais. De um lado isso pode ser bom e positivo, porque nos tira do
comodismo. Comodismo também é uma grande praga da humanidade de hoje. O desejar
algo mais nos coloca em posição de fazer algo a mais, porém nós temos que
pensar no que estamos dando valor em nossa vida. Em uma outra passagem do
Evangelho o Senhor diz: onde está o teu tesouro, ai está o teu coração. Podemos
perguntar: qual é o tesouro que temos? O que é aquilo que nós nos detemos,
buscamos como algo de valor são os bens, as posses, o acúmulo de riqueza?
Porque se for, nós podemos ouvir a Palavra que o Senhor dirigiu ao homem da
parábola de hoje: “Loucos, loucos somos nós quando juntamos riqueza para nós
mesmos, mas somos tão pobres e miseráveis diante de Deus”. A riqueza que temos
que juntar é de outra espécie e ai São Paulo na segunda leitura de hoje nos
lembra: “Esforçai-vos pra juntar tesouros no céu, esforçai-vos para olhar ao
céu, para chegar até lá”. Temos que nos esforçar, temos que ficar inquietos e
incomodados para ir em busca de bens que não passam, bens que nem atraca nem o
ferrugem destroem mas bens que são para a vida eterna, os bens celestes. Que
bens são estes? É o bem da fraternidade, da solidariedade, da paz, da harmonia,
do perdão, do amor ao próximo, o bem, sobretudo da comunhão com o Senhor, de
estar próximo do Senhor, de ser amigo dele, de poder contar com sua presença,
de falar-lhe, de ouvir a sua voz, o dom de poder participar da comunidade
cristã e ouvir a palavra de Deus que é proclamada, de receber os sacramentos,
estes são os dons que não podemos abrir mão, estes são os dons e os bens
verdadeiros que nos enriquecem diante de Deus porque os outros só nos levam a
perdição.
A primeira leitura do Eclesiastes
de hoje, até de maneira poética, nos diz: “Vaidades, das vaidades, tudo é
vaidade”. De fato, se fizermos uma análise de nossa vida vamos perceber que
pode ser que nem tudo seja vaidade, mas que quase tudo em nossa vida é vaidade
de verdade. Nós podemos abrir mão e viver sem eles, mas queridos irmãos e
irmãs, a liturgia nos convida a uma renovada opção pela humildade, pela
simplicidade, por aquilo que vale a pena de verdade, não é juntando bens ou
acumulando bens aqui que somos felizes, até porque se fosse assim todos os
ricos e milionários seriam felizes e não é o que consta nos dados parecem que
nos mostram que quanto mais altas as posses, mais vem outros tipos de
dificuldades como depressão, como suicídio e outros modos de vida. Então não é
o acumulo de riquezas que nos trás a felicidade, a felicidade verdadeira vem
até nós, bate a nossa porta quando sabemos o que pra nós vale a pena: a
comunhão com Deus e com os irmãos, eis a verdadeira riqueza.
Esse Evangelho de hoje, nos
lembra também do décimo mandamento da lei de Deus, é uma catequese sobre o
décimo mandamento que nos diz Não cobiçar as coisas alheias. A cobiça, a
vaidade, o desejo de possuir cada vez mais em primeiro lugar prejudica a nós
mesmos porque nos trás um modo de vida que não nos deixa confortáveis, nos
incomoda. A cobiça não faz com que tenhamos uma vida plena mas parece que nós
nunca estamos completos mas a cobiça só não prejudica só a nós mesmos, não
apenas nos deixa insatisfeitos mas pode prejudicar ao outro porque quem cobiça
demais é capaz de fazer qualquer coisa a ter aquilo que quer inclusive passar
por cima das outras pessoas, Deus nos livre de chegar a isso! Apesar de que nós
vemos acontecer na sociedade de hoje. Parece que para ter um bem emprego vale
tudo inclusive pisar nos colegas e usar meios ilícitos para adquirir isso.
Parece que pra conquistar alguma coisa, para realizações tudo é possível
inclusive a falta de ética, a corrupção. Será que esse é o modo de vida que
Deus quer para nós? Com certeza, não é não! Não é para este estilo de vida para
o qual Deus nos criou. Então, meus queridos irmãos e irmãs, façamos da liturgia
da palavra de hoje um exame de consciência, vamos bater no peito e pedir perdão
a Deus porque também muitas vezes somos nós que vivenciamos isto, não pensemos
nos outros não, pensemos em nós, eu penso em mim, cada um de vocês pensam em
vocês porque também nós somos cheios de vaidades, também nós somos cheios de
cobiças que não precisariam, também nós queremos riquezas que não são aquelas
que nos levam ao Reino de Deus. Vamos pedir perdão a Deus para que Ele possa
converter o nosso coração e ai sim começar a adquirir a riqueza verdadeira,
aquela que nos tornam ricos diante de Deus.
Essa seria a primeira parte da
homilia de hoje: lembrar das leituras, fazer um exame de consciência, pedir
perdão a Deus e começar a juntar tesouros que nos levam ao Reino dos Céus.
Segunda coisa: nós agora estamos celebrando o mês das vocações. A cada ano a Igreja
nos convida, no mês de agosto a rezar, a refletir, pensar sobre as vocações e é
sempre bom lembrar que antigamente quando se falava em vocação se pensava logo
no padre ou na freira, mas nós sabemos que não é bem assim não. Porque vocação
significa chamado, a palavra vocação vem do latim e significa chamar,
chamamento. É um chamado de Deus! E podemos dizer: Deus chama quem, padre e
freira? Não. Deus chama a todos! Todos nós somos chamados a algo. Em primeiro
lugar nós somos chamados à vida, alguém aqui hoje pediu pra nascer? Não, não é?
Ninguém pediu pra nascer. Quem nos chamou a vida, Deus, Ele nos chama! A
primeira vocação nossa é a vida, devemos agradecer então a Deus nesse mês
vocacional porque Ele nos chamou a existência e para valorizar esse chamado de
Deus devemos lutar também contra tudo aquilo que prejudica a vida, lutar contra
o aborto, contra o homicídio e suicídio, lutar contra as drogas, lutar contra a
violência porque tudo isso destrói a grande vocação que Deus nos deu que é a
vocação à vida. Em segundo lugar, além de nos ter chamado a vida, Deus não nos
chamou a qualquer tipo de vida, mas Ele nos chamou a vida cristã, essa é a
segunda vocação do ser humano. A segunda vocação a qual Ele nos chama, a
vocação a conhecermos Cristo e seguir seus passos, é a vocação que nos vem a
partir do batismo porque pelo batismo todos nós nos tornamos cristãos, todos
nós somos convidados a viver não de qualquer modo, mas viver segundo a vida de
Jesus Cristo, segundo aquilo que Ele viveu e ensinou, o foco e exemplo que Ele
deu e aquilo que Ele nos pede. Então a segunda vocação de todos nós é a vocação
cristã, nós somos cristãos, foi Deus quem nos fez assim, devemos nos alegrar
então por isso! E da mesma forma que devemos lutar contra aquilo que ataca a
vida, devemos também lutar contra tudo aquilo que fere a vida cristã: se somos
cristãos, devemos viver como tal. Então temos a obrigatoriedade de participar
da Missa ou do culto a cada domingo, de receber os sacramentos conforme manda a
Santa Igreja, de ter uma vida de oração para conhecermos cada vez mais a
Palavra do Senhor, de praticarmos a Misericórdia fazendo caridade, essa é a
vida cristã a qual todos nós somos chamados. Então podemos dizer, de fato, esse
mês nós celebramos a vida de cada um de nós, nós que viemos à vida e nós que
somos cristãos, é Deus quem nos chama pra isso. Mas além disso, na Igreja,
também temos as vocações específicas. Existem diversas maneiras de vivenciar a
vocação cristã: a alguns, Deus chama para ser padre, outras para ser freira, outros
para serem casados e constituírem a família conforme o projeto de Deus. Por
isso que a cada domingo do mês de agosto, nós nos lembramos de uma vocação
específica. Hoje que é dia de São João Maria Vianney, 04 de agosto, padroeiro
dos padres, hoje nós celebramos a vocação sacerdotal, a vocação do padre e
queremos rezar a Deus por esse dom que é o sacerdócio, não pela pessoa do Padre
Evandro, do Padre Gugu, do Padre Oldack mas pelo sacerdócio em geral que é um
grande dom que Deus nos dá, se não fosse pelo sacerdócio nós não teríamos como
receber, por exemplo, a Eucaristia porque através do sacerdócio que chega a
comunhão até cada um de nós, se não fosse pelos padres nós não teríamos como
organizar a comunidade paroquial, então queremos no dia de hoje agradecer a
Deus pelo dom do sacerdócio e pelos padres que Deus nos deu. Vamos pensar
também nos padres que passaram por essa paróquia, tantos padres que aqui deram
a sua vida e marcaram um pouco também na história de Serrinha: Eu me lembro,
por exemplo, do Pe. Carlos Olímpio que iniciou essa grande tradição da
procissão do fogaréu, do Mons. Demócrito que tanto ajudou a educação daqui de
Serrinha, não só do ponto de vista religioso mas também do ponto de vista
cultural, lembremos do Pe. Nicásio que tanto
tempo passou aqui nessa paróquia, 20 anos, formando as comunidades,
agora vale lembrar do Pe. Johnny, Pe. Oldack. Rezemos pelos padres que
trabalharam por nós. Papa Francisco sempre diz: Rezem por mim, é sempre o que
ele diz e também quero dizer a vocês rezem por mim, pelo Pe. Evandro, porque a
gente sabe que a vida de ninguém é fácil se não for com a força do Senhor ai
fica insuportável a vida, então rezem sempre pelos padres para que possamos ser
fieis cada vez mais a vocação. No próximo domingo, dia dos pais, nós vamos nos
lembrar da vocação matrimonial, pensar que Deus chama não somente pra ser padre
mas chama também para constituir família, olha que grande maravilha é a vocação
matrimonial fazer de duas pessoas um só para viverem no amor e na fidelidade e assim
poder gerar os filhos e na terceira semana vamos lembrar da vida religiosa e
consagrada, homens e mulheres que quiseram doar sua vida totalmente ao Senhor
vivendo a pobreza, a castidade e a obediência. E no quarto domingo do mês de agosto
vamos rezar pelos leigos, todos os leigos que estão engajados na Igreja: os
catequistas, os animadores de comunidades, os coordenadores de grupos,
pastorais, movimentos, lembrando que são essas forças vivas que constroem a
Igreja.
Por isso, irmãos e irmãs, na
liturgia de hoje nós queremos pedir a Deus a força de acumularmos a riqueza lá
em cima, no Reino dos Céus e nos livrarmos das vaidades daqui da terra mas
também queremos rezar por todos aqueles e aquelas que dizem sim ao plano de
Deus, por todos nós que somos chamados a vida cristã e a vocação concreta.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus
Cristo