Dom Itamar Vían |
Sempre existiu a comparação entre jovens e velhos.
As culturas determinam quem está em vantagem. No passado, a velhice vinha
coroada de sabedoria. Hoje, ser jovem é símbolo do sucesso. A história da
humanidade está cheia de jovens e velhos que venceram. E de jovens e velhos que
fracassaram. A história registra crianças prodígios e idosos que amadureceram
em sua arte.
MOZART, aos cinco anos, já compunha maravilhosas
melodias. Sócrates, com 23 anos, confundiu o sofista Protágoras, com o dobro de
sua idade. Newton, aos 21 anos, já elaborara a Lei da Gravidade. Santo Antônio
morreu aos 36 anos. Cristo morreu, aproximadamente, aos 33 anos. Mas temos
brilhantes exemplos do outro lado. Santo Antão manteve-se lúcido até morrer aos
105 anos. Picasso fez obras primas aos 92 anos e Marc Chagall pintou, com
maestria, até sua morte, aos 98 anos.
EXISTE também o outro lado, o da inutilidade. Há
idosos amargos e jovens irresponsáveis. Há velhos com apenas 18 anos e há
jovens depois dos 80. Não se trata de uma questão de tempo. É questão de
escolha, bem ou mal feita.
ENVELHECEMOS, em qualquer idade, se fecharmos os
olhos ao novo, se o novo nos assusta e aposentamos nossos ideais. Envelhecemos
quando pensamos demais em nós mesmos, em nosso comodismo e em nossos
interesses. Somos velhos quando deixamos de lutar.
ESTAMOS todos matriculados na escola da vida e o
mestre se chama tempo. E esse mestre é um juiz inflexível. O passado serve como
referência e não como desculpa. O carro precisa de retrovisor, mas é perigoso
dirigir olhando para ele. A vida está em nossa frente. Na juventude aprendemos,
na velhice compreendemos. Nos olhos dos jovens fulgura a chama, nos olhos dos
velhos brilha a luz.
A IDADE, nós criamos. Podemos ser jovens ou velhos.
Não devemos contar a idade, mas festejar a vida. Nem a tristeza do passado, nem
o medo do futuro, mas a alegria do presente. O romano Catão começou a estudar
grego aos 80 anos. Quando questionado, justificou-se: se não o fizer agora,
quando o farei?
O TEMPO de Deus é agora. Agora é o tempo de
partilhar, de lutar, de ser feliz. Agora, se for o caso, é o tempo de
recomeçar. À semelhança do bom ladrão, podemos amadurecer em qualquer idade,
até nos cinco minutos finais.
+ Dom Itamar Vían
Arcebispo Metropolitano
Fonte: http://www.arquidiocese-fsa.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário