O Papa Francisco segura o relicário com os ossos de São Pedro (AFP, VINCENZO PINTO)
Em um gesto altamente
simbólico durante o encerramento do "Ano da Fé", o Papa Francisco,
diante mais de 60.000 fiéis, segurou em suas mãos o relicário contendo os ossos
venerados como os de São Pedro, o fundador da Igreja Católica. A imagem do Papa
de 76 anos, 265º sucessor de Pedro, totalmente concentrado, segurando firme em
suas mãos o relicário de bronze enquanto recitava o "Credo", foi um
dos destaques da missa solene.
Numa manhã fria e úmida,
diante de dezenas de milhares de seguidores em todo o mundo, ele encerrou o
"Ano da Fé", mostrando pela primeira vez as relíquias do apóstolo São
Pedro ao público reunido na Praça São Pedro.
Pedro foi crucificado de
cabeça para baixo entre os anos 64-70 no circo de Calígula, onde hoje se encontram
os Jardins do Vaticano.
Os ossos foram encontrados
durante as escavações em 1940, sob o pontificado de Pio XII, em uma necrópole
localizada debaixo da basílica ao lado de um monumento construído no século 4
para homenagear aquele que é considerado o primeiro bispo de Roma.
Nenhum Papa testemunhou que
os ossos eram autênticos. Mas testes científicos indicaram uma grande
"probabilidade" de que eles são, de fato, os ossos do velho pescador
da Galiléia, segundo o Papa Paulo VI em 1968.
Sobre o relicário está
gravado em latim "Ex ossibus quae in Arcibasilicae Vaticanae hypogeo
inventa Beati Petri Apostoli esse puntantur" ("Ossos encontrados na
Basílica do Vaticano, que são considerados como os do bendito apóstolo
Pedro").
Esta missa solene, com cânticos
em latim, também foi a ocasião para a coleta de doações para as vítimas do tufão
que devastou as Filipinas.
O Papa também leu sua
primeira carta de Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" ("A
Alegria do Evangelho"), a 36 bispos, sacerdotes e religiosos
representantes de movimentos eclesiais, e a dois jornalistas e dois artistas, o
escultor japonês Etsuro Sotoo e a pintora polonesa Anna Gulak.
Uma senhora cega também
recebeu o documento em uma versão auditiva.
O documento deve ser mantido
em segredo até terça-feira, e fontes do Vaticano sugerem um texto importante e
denso: este é o primeiro texto do magistério totalmente escrito por Francisco,
ao contrário da encíclica "Fidei Lumen", publicada em julho, que
tinha sido em grande parte escrita por Bento XVI.
Em sua homilia, o Papa
Francisco destacou a "centralidade de Cristo", "centro de
criação, centro do povo, centro da história", "Senhor da
reconciliação."
O Papa saudou os Patriarcas
do Oriente: "A troca de paz com vocês quer expressar, antes de tudo, a
gratidão do bispo de Roma em relação a essas comunidades que confessam o nome
de Cristo com uma fidelidade exemplar, muitas vezes pagando um preço
alto".
"Quero falar a todos os
cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter
para todos o dom da paz".
Antes de descer no meio da
multidão, Francisco pediu para que todos rezassem pelos "perseguidos por
sua fé, e eles são tantos!"
Na véspera da primeira
visita do presidente russo, Vladimir Putin, ao Vaticano, ele também reservou um
pensamento para a Ucrânia, que "comemora o 80º aniversário do Holodomor, a
grande fome provocada pelo regime comunista (de Stalin), que causou milhões de
vítimas".
O "Ano da Fé" foi
lançado em outubro de 2012 pelo Papa Bento XVI, quatro meses antes de sua
renúncia, e deu origem a várias celebrações na Praça São Pedro. Desde então,
cerca de 8,5 milhões de pessoas visitaram Roma, segundo o Vaticano.